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Planeta Oceano na terra da Tequila! - Junho 2008

Por Henry Fila
PDIC #42933


Estava tudo preparado. Dia 26/05 partimos de São Paulo com destino a Miami, uma escala para um dos mais belos lugares para mergulhar, Cozumel.

Já em Cancun, após dois dias colocamos o pé na estrada. Fomos à rodoviária onde pegamos um ônibus em direção a Playa del Carmen, local onde atravessamos de ferryboat rumo a esta ilha mágica. A viagem foi tranqüila, tirando os equipamentos que estavam pesados. Chegamos às 20:30h em Cozumel onde fomos direto ao Pizza Hut, que ficava estrategicamente em frente ao nosso Hotel Bahia.

Divulgada em 1961 por Jacques Cousteau, Cozumel é uma ilha do Caribe Mexicano e fica a 19 km do litoral da Península de Yucatán. Não é uma ilha grande, tendo apenas 46 km de comprimento e 14 de largura. O nome desta ilha é de origem Maya e significa “terra das andorinhas”. Foi lá que Cousteau fez um dos seus mais belos documentários e a apresentou ao mundo do mergulho.

O mundo submarino de Cozumel faz parte do segundo maior recife de coral do mundo, o recife de Belize, que se estende a 320 km da extremidade sul de Isla Mujeres até o golfo de Honduras. Mas a classificação que o coloca em segundo lugar em tamanho, o coloca em primeiro lugar em visibilidade e vida marinha, devido à temperatura da água, corrente e nutrientes. Lá um mergulho considerado ruim, temos visibilidade de 30 metros, nas melhores épocas chegamos a ter até 60 metros de visibilidade. Com sua temperatura média anual de 26 graus, a água é sempre quente, o que faz necessário somente a parte de baixo da roupa de neoprene e uma lycra independente da profundidade do mergulho. Cozumel é tambem considerada a capital caribenha do Drift Diving (mergulho de correnteza).

Imagem de Satélite da Ilha de Cozumel

Ansiosos para chegar o grande dia, acordamos cedo e fomos para a operadora Caribbean Divers. Liderada por Cesar Zepeda, tivemos a típica recepção calorosa mexicana. Fomos para a marina e lá estava nosso barco, o Esfuerzo. Nossa primeira parada era nada mais que Palancar. Esse nome tem peso, pois é um dos mais belos lugares de Cozumel devido às suas formações coralinas formando labirintos à beira de um paredão abissal.

Chegamos ao point de mergulho. A adrenalina era alta e caímos na água. Após as bolhas sumirem olhamos para baixo e lá estávamos comprovando todos os adjetivos que aquela ilha pode ter. Uma visibilidade de 40 metros e temperatura da água em 29 graus. Descemos a 26 metros e já logo de cara havia muita vida marinha, cavernas, cânions de coral, cardumes de ciliares, frades e peixes que nem sabíamos o nome. Um colorido inexplicável.

O segundo mergulho, o mais raso do dia, foi realizado em Yucáb. Um típico mergulho de correnteza, onde esta segue sempre rumo ao norte. Para os mergulhadores debutantes em Cozumel, a correnteza assusta ao primeiro contato. Mas como nós mergulhadores, temos que virar água, nossas nadadeiras são utilizadas somente como “Flaps” para nos equilibrar. Após a adaptação, você é compensado pela beleza. Utilizando a força da água a nosso favor, tudo parece passar como um filme refletido em nossa máscara e sem esforço algum, economizamos nosso precioso ar. O que pensávamos ter visto em Palancar em vida marinha, triplicava em Yucáb. Com a visibilidade de 45 a 50 metros era simplesmente inacreditável ver um mergulhador. O mesmo parecia voar. Lá vimos moréias, tubarões e raias chitas em balés de encher os olhos de água.

Voltamos para o hotel e fomos almoçar em um típico restaurante mexicano, o Palmeiras. Tudo à base de muita Fajita, Tacos e nenhuma tequila! Ainda.....

No segundo dia nós fomos para Santa Rosa. Um lugar que para mim é o mais belo de Cozumel. Considerado um mergulho de paredão, mergulhamos a beira de um abismo de 450 metros. Isso realmente assusta quando temos 45 metros de visibilidade e observamos o azul infinito e ao lado direito um paredão vertical, onde grandes esponjas roubam a cena. Vida marinha é uma constante que se formos descrever, esse texto ficaria maior do que já está. O silêncio após o mergulho é normal, até absorvermos tudo que vimos.

O segundo mergulho do dia foi em Punta Tunich. Um mergulho mais raso, 18 metros, mas também de correnteza. Ao descermos, uma surpresa. Uma tartaruga e dois frades se alimentando no mesmo lugar. Ficamos lá observando e lutando contra a correnteza, mas o esforço valeu à pena. Após isso, outro Tubarão Lixa ou Tiburón Enfermera (denominação mexicana) passeava tranquilamente sobre o recife. Quando nos preparávamos para a parada de segurança, outra surpresa, uma tartaruga se alimentando novamente, só que agora dividindo o banquete com dois ciliares em fase adulta. Era muita emoção para um dia só.

Voltamos do segundo dia pasmos com aquela ilha maravilhosa e aquelas cenas não saíam da nossa cabeça. Mas havia um lugar que queríamos conhecer, o naufrágio C-53 Minesweeper Felipe Xicotenántl. Para nossa ansiedade, César nos convoca na noite deste mesmo dia para um briefing deste mergulho que seria realizado na manhã do dia seguinte. Ficamos ansiosos, pois foi tudo planejado, como tempo em cada nível do navio, quantidade de ar, locais de entrada e saída, vida marinha, seqüência dos ambientes, tudo acompanhado de dados e apresentações de vídeos do local. Um profissionalismo que nos deu segurança, visto que entraríamos no navio a uma profundidade de 26 metros.

Acordamos no dia seguinte ansiosos novamente. Lanternas à mão, lá fomos nós. Quando chegamos ao ponto de mergulho, aquele frio na espinha correu, pois à bordo do Esfuerzo víamos o vulto deste navio da 2ª guerra a 26 metros de profundidade descansando ao fundo da típica areia branca, o que faz com que a água tenha uma cor inacreditável.

Ao cair na água e olhar para baixo, lá estava ele. Felipe Xicotenántl, com 186 pés de comprimento. Logo no início, um badejo que mais parecia um mero de tão grande nos aguardava na escotilha de entrada. Lá conhecemos todo interior no navio, casa de máquinas, quartos, banheiros, tudo cronometrado devido à profundidade e tempo que tínhamos para este mergulho. Visibilidade? Dentro no navio a água não existia. Ao sair do barco, outra surpresa. Um cardume de sardinhas escureceu a popa do navio, acompanhada por badejos e meros. Uma cena surrealista de nos deixar de queixo caído a ponto de esquecermos nosso cronograma. Um mergulhador a 2 metros de distância não era encontrado devido à tamanha quantidade de sardinhas a ponto do nosso cinegrafista nos perder de quadro. Os badejos e meros acompanharam nosso mergulho até a subida, onde pareciam se despedir.

Subimos com muita história pra contar.

Fomos para nosso segundo e último mergulho do dia, Paraíso Reef. Considerado um dos mergulhos mais rasos de Cozumel (10 metros), a temperatura da água chegou aos 29,7 graus, normal para os 42 graus na superfície. Não precisamos nem falar da vida marinha, sendo que se a 30 metros existe muita vida marinha, imaginem a 10 metros. Caranguejos, moréias, raias e ciliares começaram a ser normais nos mergulhos e em quantidades absurdas.

Subimos do nosso último mergulho já pensando quando voltaríamos a esta ilha que realmente nos surpreende a cada visita, visto que em 2006 Cozumel foi brutalmente atingida pelo furacão Wilma, deixando o turismo suspenso por mais de 1 mês.

Ao voltar para o barco, o silêncio de ter acabado nos fazia olhar para aquela água azul turquesa inacreditável e pensando já em um retorno.

Nunca nos esqueceremos destes momentos e o Planeta Oceano fez com que isso se tornasse realidade, somado à dedicação da equipe da Caribbean Divers (César, Ruben, Miguel, Choby, Huacho e Herbert).

Depois disso, celebramos a natureza com muita tequila e Mariachis!

Amamos todos vocês!

Henry, Lú, Cássio, Viviane e Vanessa

Planeta Oceano na terra da tequila! Equipe da Caribbean Divers...


Intervalo dos mergulhos regado à muita muita guacamole e refrigerantes


Por incrível que pareça, uma cena comum em Cozumel...


Um encontro inesperado na saída do C-53


Visibilidade em Santa Rosa... Luciana, Vanessa, Cássio e Henry (ao fundo)


Depois da narcose... Muita tequila!