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Por Roberto Trindade A Organização das Nações Unidas (ONU) proclamou 2002 como o Ano Internacional do Ecoturismo numa tentativa de nos alertar a respeito da falta de planejamento e administração adequados aos locais visitados, em particular às áreas naturais ecológica e culturalmente frágeis. Nos últimos anos, o número de mergulhadores recreativos aumentou de forma surpreendente e a comunidade de mergulho está consciente do dano ecológico que tal fato pode provocar. Compreendendo nossa responsabilidade diante dessa questão, a maioria dos instrutores procura, a cada curso de mergulho ministrado, formar nos novos mergulhadores uma consciência referente a suprema responsabilidade de manter vigilância constante e avaliação prudente a respeito de modificações que afetem a vida nos oceanos e o equilíbrio da sua natureza. Hoje sabemos que o comportamento de todo aquele que vem para junto do mar é um importante fator que pode contribuir para o aumento dos impactos causados em áreas de mergulho. Sabemos também que, por conseqüência, temos o dever de administrar harmoniosamente os oceanos, garantindo o direito de mares não contaminados e não danificados para as gerações futuras. Como mergulhadores estamos assumindo o nosso dever em zelar pelas gerações futuras a fim de evitar um mal irreversível e irreparável à vida, à liberdade e à dignidade humana. Nesse sentido, a compreensão a respeito das motivações individuais, do contexto grupal, da educação e experiência de cada mergulhador nos ajudará, associado a diversos outros fatores de mesma importância, a promover ações que modifiquem atitudes inadequadas e conseqüentemente reduzam os impactos gerados por elas. Mergulhando em pontos constantemente visitados por embarcações em nosso país já é comum encontrar sinais evidentes do impacto no ambiente submerso tais como plásticos, vidros, pilhas, pneus, lixo em geral, lançados por indivíduos sem escrúpulos e sem qualquer noção de cidadania. A comunidade do mergulho tem se preocupado com essa questão há muito tempo, e programas como o Dia de Limpeza dos Oceanos tem sido uma constante, mobilizando uma grande parcela de mergulhadores comprometidos. Mas infelizmente só isso não é suficiente. Um único dia no ano não basta. Sabemos que existem, entre outros, impactos muito mais graves e menos evidentes como a pesca predatória ou a contaminação da água com combustíveis e esgotos repletos de poluentes humanos e industriais, gerando mudança do hábito da fauna, alteração na dinâmica do ecossistema marinho e promovendo até a extinção de algumas espécies. A ação poluidora do Homem parece não ter limites. Quase tudo que a humanidade tem feito polui. A poluição não pode ser totalmente eliminada, a menos que haja uma transformação radical na mente e nas economias atuais. O Homem até agora tem se contentado com soluções que adiem os problemas catastróficos, conformando-se em conviver para sempre com eles. Frente a tal situação faz-se necessário investir em outras estratégias de prevenção e de manejo. Ao invés de prosseguirmos violentando a natureza, precisamos entender que o planeta Terra é um complexo sistema ecológico que compartilhamos com todas as outras espécies de vida animal e vegetal, e que essa estrutura baseia-se no equilíbrio. Cada vez que uma característica é alterada, outras também serão, o que nos faz pensar no futuro e na possibilidade de não haver futuro. Uma estratégia de manejo que a comunidade de mergulho aplica há muito tempo é a adoção de um programa de educação para a prática de mínimo impacto. A adoção de tais técnicas fundamenta-se no princípio ético de que todos os mergulhadores são responsáveis pela manutenção do bem-estar da área em que mergulham, e, embora as ações de uma só pessoa não sejam visíveis no ambiente, as ações de milhares de mergulhadores fazendo a mesma coisa terão um impacto positivo muito mais abrangente. A essência dessa técnica é deixar a área onde você vai mergulhar em melhor estado após o mergulho. Nosso pressuposto inicial é sempre que precisamos informar ao novo mergulhador, através de alguns princípios básicos claros e bem elaborados, quais as práticas e hábitos adequados e não adequados para a atividade do mergulho, permitindo ao mergulhador, agregá-los à sua experiência gradualmente. Praticá-los leva tempo, exige um certo grau de comprometimento e uma boa dose de experiência, mas não é complicado. Desenvolver uma ética ambiental com relação ao mar é um dos itens de fundamental importância que os instrutores devem se preocupar, educando seus mergulhadores de forma contínua, até que os mesmos incorporem em suas visitas tal postura, e a encarem como a lição mais valiosa que poderão associar no seu dia-a-dia. Tais procedimentos são essenciais no uso público de qualquer área natural e tem demonstrado sucesso em diversos locais de mergulho como Bonaire, Cozumel, Mar Vermelho e Austrália. No Brasil, programas de impacto mínimo já fazem parte dos discursos oferecidos por diversas empresas de mergulho. Algumas condutas de mínimo impacto em áreas de mergulho
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